segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O que é a Grande Tribulação?


A Grande Tribulação, segundo a Bíblia, a Palavra de Deus — e não segundo homens falíveis como Armínio, Calvino ou qualquer teólogo dispensacionalista, amilenarista etc. —, será um terrível evento que ocorrerá, como veremos, após o Arrebatamento da Igreja, mais precisamente depois do Tribunal de Cristo (leia os artigos anteriores, neste blog). Ela, que abarcará julgamentos, é mencionada em toda a Bíblia (cf. Dt 4.30; 31.4; Is 13.9-13; 34.8; Jr 30.7,8; Ez 20.33-37; Dn 12.1; Jl 1.15; Mt 24.21, ARA; Ap 3.10; Dn 12.1; Is 61.2; Ap 7.13,14, ARA c/ 6.9-11). Vejamos alguns importantes pormenores bíblicos desse evento escatológico:

1. Durante a Grande Tribulação, Deus julgará os ímpios, adoradores da Besta. Depois de arrebatar a sua Igreja, o Senhor derramará juízos sobre a terra. Em Apocalipse se mencionam, profeticamente, por meio de símbolos, quatro cavaleiros, que representam males, os quais entrarão em cena logo após a abertura de quatro selos (6.1-8). Depois da abertura de mais três selos, os juízos se intensificarão (6.9-17), e a abertura do último trará mais juízos por meio de sete trombetas, que serão tocadas por anjos (8-11). Finalmente, sete taças da ira de Deus serão derramadas sobre a terra (15-16), sendo a última a pior de todas (16.17-21).

2. A Grande Tribulação ocorrerá paralelamente às Bodas do Cordeiro. Isso fica claro principalmente por causa da inequívoca ordem cronológica de Apocalipse 19-22. Embora alguns teólogos digam que a Grande Tribulação já aconteceu por ocasião da destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., e que o Anticristo teria sido o imperador Nero, a maioria dos historiadores diz que Apocalipse foi escrito no fim do século I, nos últimos dias de Domiciano (90-95 d.C.). Ademais, em Mateus 24.21 há duas características da Grande Tribulação pelas quais se evidencia que ela ainda não aconteceu. Primeira: “haverá, então, grande aflição como nunca houve desde o princípio do mundo até agora”. Segunda: “nem tampouco haverá jamais”.

3. A Igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação. A Palavra de Deus é muito clara quanto a isso. O texto de 1 Tessalonicenses 1.10 não tem sido aceito por muitos teólogos como prova de que a Igreja não passará pela Grande Tribulação, mas ele, à luz da analogia bíblica, afirma que Jesus Cristo, quando voltar, nos livrará da “ira futura”. Esta, sem dúvida, alude à Grande Tribulação, pois em 1 Tessalonicenses 5.3-9 são apresentadas quatro verdades sobre o livramento da Igreja dessa ira futura. Primeira: Deus não nos destinou à ira. Segunda: sobrevirá “repentina destruição” aos filhos das trevas e “de modo nenhum escaparão”. Terceira: os salvos, como filhos da luz, não estão em trevas “para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão”. Quarto: essa promessa é mencionada logo após a mensagem sobre o Arrebatamento (4.16-18).

O texto de 2 Tessalonicenses 2.6-8 é de difícil interpretação, mas creio, sem ser dogmático, que, nessa passagem, a Palavra de Deus mostra que as duas Bestas só entrarão em ação depois que o povo de Deus, a Igreja, tiver sido arrebatado. Isso fica evidente à luz do que o Senhor Jesus disse em Lucas 21.36. Aqui, Ele foi categórico ao afirmar que devemos escapar (ARA), e não participar de “todas estas coisas”. Ademais, em Apocalipse 3, o Senhor Jesus prometeu à igreja de Filadélfia e a nós, por extensão (vv. 13,22), que nos guardaria “da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo” (v. 10). E o sentido desse texto, no grego, é o de “guardar da”, e não o de “guardar através da”.

Em Apocalipse 4, o Senhor Jesus revelou a João, de modo profético, através de símbolos, como será o Céu no futuro. A Igreja já estará no Céu antes da Grande Tribulação, pois os 24 anciãos representam a totalidade da Igreja (vv. 1,4; cf. 19.4). Em nenhum lugar da Bíblia, os anjos são chamados de anciãos (gr. presbuteros). Estes estão sentados em tronos — Jesus tinha acabado de prometer que os vencedores se assentaria com Ele (Ap 3.21) — e usam vestes brancas e coroas de ouro (cf. 2.10; 3.4,5,11). Eles, sem dúvida, representam pessoas reais, pois falam com João (Ap 5.5; 7.13); têm harpas e salvas de ouro cheias de incenso, as orações dos santos (5.8); e cantam um novo cântico, que dá ênfase à morte expiatória do Senhor (v. 9).

Na Bíblia, mencionam-se no Céu serafins (Is 6.1-8; cf. Ap 4.8) e querubins (Ez 10). Anciãos são, diante do exposto, um novo grupo no Céu, pois o número 24 alude a 12 tribos de Israel e 12 apóstolos do Cordeiro (cf. Ap 21.12-14 — 12 portas e 12 fundamentos). Em Apocalipse 3.12, é bom observar, Jesus havia prometido: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome”.

Finalmente, em Apocalipse 13, o Senhor mostrou a João que o Anticristo fará guerra aos santos (v. 7), e serão mortos todos os que não adorarem a Besta (v. 15). Se o Arrebatamento da Igreja ocorrer depois da Grande Tribulação, quantos serão arrebatados? Temos a certeza de que a Igreja não estará na terra nesse período, pois, além do que já foi dito sobre os 24 anciãos, em Apocalipse 19 Jesus não deixou nenhuma dúvida de que a Noiva já estará no Céu, nas Bodas do Cordeiro, e virá com Ele (vv. 1-14). As características dos exércitos que o seguem não deixam dúvidas de que eles são os salvos, a Noiva do Cordeiro (v. 14).

4. A Grande Tribulação terá uma duração de sete anos. Em Apocalipse vemos claramente a metade do período tribulacional. Em 11.3 e 13.5 mencionam-se 1.260 dias ou três anos e meio (1.260 dias / 360 dias = 3,5 anos) e 42 meses (42 meses x 30 dias = 1.260 dias). Esses três anos e meio são apenas a “primeira metade” da Grande Tribulação (Dn 9.24-27). Daniel, por sua vez, faz menção do período total. Depois de abordar a septuagésima semana, ele discorreu sobre a última semana de um total de “setenta setes” (Dn 9.24). A contagem das semanas (490 anos) começou com o decreto de Artaxerxes para restaurar Jerusalém e foi interrompida com a morte do Messias (Ne 1-2; Dn 9.25,26).

Essas setenta semanas se subdividem em três períodos (cf. Dn 9.25; Ne 6.15; Mt 21.1-10; Dn 9.27; Mt 24.15,21). O estudo comparativo das passagens proféticas de Daniel, Apocalipse e Mateus 24 indica que, após a destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., haveria um lapso temporal indefinido, até que os eventos da septuagésima semana começassem a se cumprir. Depois desse período parentético indeterminado, entre o século I d.C. e o Arrebatamento da Igreja, a Besta firmará o tal concerto ou pacto com muitos por sete anos, mas só cumprirá a sua parte nos primeiros três anos e meio (cf. Dn 9.27; Ap 15-16).

5. Durante a Grande Tribulação ocorrerá o julgamento de Israel. Cada julgamento escatológico tem cinco aspectos distintivos que o torna único: participantes, local, momento, critérios e resultado. Quem serão os participantes do julgamento de Israel? O remanescente desse povo escolhido de Deus. Local? Jerusalém. Momento? Fim da Grande Tribulação. Critérios e resultado? Estude Daniel 12.1, Ezequiel 20.33-38, Zacarias 13.8,9, Amós 9.8,10, Romanos 9.27; 11.25,36, Mateus 23.39, Zacarias 12.10-14; 13.1 e Apocalipse 12.

6. Haverá salvação na Grande Tribulação. Há inúmeras referências a isso no livro de Apocalipse (cf. 7.14; 9.20,21; 16.9). Fica claro nestas e noutras passagens apocalípticas que os juízos de Deus derramados sobre a terra têm como objetivo levar os pecadores ao arrependimento, a despeito de ficar evidente, também, que os adoradores da Besta não se arrependerão. Por outro lado, se mencionam os mártires da Grande Tribulação: pessoas que, por amor a Cristo, se oporão ao Anticristo e ao Falso Profeta e, por isso, serão mortas (cf. 6.9,10).

7. A Bíblia é clara quanto às duas Bestas que se manifestarão durante a Grande Tribulação e o seu sinal. Em Apocalipse 13.1-18 vemos que haverá duas Bestas, uma que sobe do mar, o Anticristo, e outra que sobre da terra, o Falso Profeta. Elas formarão uma tríade satânica com o Dragão ou Diabo (16.13). Quanto ao alardeado sinal da Besta (13.16), será um sinal mesmo, e não um chip, como muitos — especialmente os adeptos da escatologia aterrorizante — têm dito. Esse sinal, na verdade, como se depreende do estudo de Apocalipse, visa a identificar os adoradores conscientes da Besta.

Em outras palavras, não é o sinal da Besta que torna as pessoas adoradoras do Anticristo. São estas que — por serem “bestólatras” (adoradoras do Anticristo, primeira Besta, e obedientes às ordens do Falso Profeta, segunda Besta) e por estarem revoltadas contra Deus, que estará derramando sua ira sobre o mundo —, farão questão de receber tal sinal. E, nesse caso, se cremos que a Igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação; e, se temos a certeza de que o Anticristo e o Falso Profeta só se manifestarão depois disso, por que deveríamos nos preocupar com o sinal da Besta, hoje?

Ciro Sanches Zibordi

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